sábado

trivial pursuit

Caxemira encaixa a Ira
minha cortada euforia
Diâmetro parâmetro
o dia perde o âmago
Capricórnio o corno de fórmio
do capricho antónimo
Ciência pertença sinética
da potência métrica
Folha desflora a fagulha
aplana o decano da hulha
Religião do rego Paião
relega a rasta de Sansão
Lunar a luva do uivar
o lobo ruivo lombar
Natural o nato da turra
urra o nado na surra
Casamento descasa o momento
no botão cose lento
Chipre no chifre da estirpe
tigre eufrates Etíope
Mona Lisa à tona da Frísia
Lissá átona da Galícia
Lago dos cisnes afago
em chispes Golã trago
Estrela extrema nela
a cela esperma mela
Neto terceiro no tecto
remeto o peito no feto
Dias as horas de Frias
perdias as moras nas rias
Pretória precede a inglória
na proscição prossegue a memória
Indiana do dia da Ana
na indígena estria dama
Pacífico na paz de Sísifo
o Índico Alcatraz tísico
Súbdito do sugo subterfúgio
eu subo no sumo anti-fúngico
Mulher molhada de musgo
mostarda nora de susto
Êxito de hexágono do êxodo
isola a ágono no peso
Festival de fisting em Febo
Safo se fecha no sebo
Verde vergasta de verme
no vértice do CERNE.

sexta-feira

Tontinho

Ó Zé não vás aos figos
que os figos são de água-pé!
O pé molhas nos trigos
olha que os tiros matam o Zé!
Nessas porcas não achas
parafuso bates com as botas
nas portas ser obtuso.
Que as porcas não se lavam
e que de lava já discorres...

Para De ter

Retidão vá de reto
que no meu recto quero ão
Curvas de culpas nas brumas
deturpas as vulvas
Banha na bainha arranha
o banho de aranha
Regaço melado com melaço
regas-me o compasso
Ardente a água no alvor
prudente o ar no ardor
Isauras exauridas nos ismos
dos crivos são gemidos
Vida vibrante viperina
a cobra nem é víbora
Destróis os detritos moídos
nas decalagens só móis
Contraste de contar as hastes
tu contrarias as metástases
Construir o constragimento momento
de conspurcar o cuspo do vento
Tu que teimas em testar
o eu, a noz, o testículo, o trepar
Encerras-me a cera da serra
na mesma encerada terra
Liberdade libertina libélula
da verdade lambida de bétula
Clausura a usura de Clausewitz
na penumbra o Klaus de St. Moritz
Cola na gola o Cáucaso
decora o coltre do Pégaso
Mancha no canal da Manchúria
que mente na onda da fúria
Unida no uno da vida
vulto untado na brida
Ar na arpa do arqueiro
do quero a arte do arteiro
Perder a perca do pardo
do Sado permeia o prado
Encher doente o cheiro
do ente lembro o primeiro
Vazio nas vazas do trio
o frio varado num pio
Transladar os lados do trânsito
no transatlântico âmbito
Multa no tampo da mula
muita se purga na culpa
Acamada a cama da aba
que a camada de campa acaba
Revolução volve no revólver
na resoluta volta do móvel
Menstrual o mês monstro
da Troika menchevique degosto
Negro no freio aperto
do nervo feio o preto
Fantasma fora flâ com asma
fantástico Omã do plasma
Jogar o ganho frugal
o fruto apanho no bornal
Companhia no compasso da CIA
a compra de aço mentia
Farta me falte a fartura
na fronha me farpa a frescura.

Para te alma

Palavra para-lama pára
e lavra na lama
Gosto que resta no rosto
dá um golo no mosto
Resto no refrão do posto
rescaldo reposto
Passagem de passaderia do paço
das passas do maço
Agora no Agosto, eu ajo
que devora o trajo
Olhar o ócio de ópio
com olhos no tópico
Tempo testado no tampo
da tela tem tento
Boca louca mouca
à coca com touca
Comum de como de lona
com comer de cona
Fumo a fome da fama
no fundo da fauna
Espaço de espartilho
do estilhaço espandido
Sentidos, sem ti, idos
de cem sombras servidos
Cadeira de canela madeira
cavada na eira
Azul o azar dá aso
às ondas do mar azulado
Corpo curvado cremado
do campo encorpado
Clitóris na Lua de Clio
clivado no Hórus do cio
Movimento em malvas
maceradas na malga das algas
Marca de Karma na maca
a Arca no mar era parca
Gesto de gelo no cesto
te cedo, o incesto
Imagem imatura imaculada
no íman da margem imaginada
Título de Tito Lívio
do livro mais atípico
Cor me sabes décor
corpo cromado no odor
Cheiro o Che guerreiro
do excerto certeiro
Pêlo poroso pelo
menos penado penoso
Cinza simpática cinzenta
zarpada na Simba de manta
Perto o prego na parede
permeado aperto a rede
Saída à sala com salsa
moída na ala que passa
Escadas são estas que escapam
nas estepes escuras tapam
Sangue Guevara na cera
do siempre sandinista soubera
Mensagem do mesmo incomensurável
demente masmorra amável
Clavícula clemência de clamor
na clave das portas de Sol
Prazer que pasta na pradaria
praga de erva daninha
Cigarro mais simples que siga
na mirra do reis da Síria
Sonho que sopra na fronha
eu ponho na sonda que sonha
Mão de marmelda de mães
com mel barrado de pães
Dentro do dente coentro
no dado eu entro demente
Espera a esperança esfíncter
do espirro da Esfinge
Horas demoradas na hortas
plantadas à nora das tortas
Língua no limbo da gula
saliva na glote de Lura
Aberta na aba da flor
fluoresce a abelha do amor
Espasmo na espera do pasmo
espanta a esfera do orgasmo
Filtro de folha mais fino
fuma o fogo do trigo
Caverna caveira a cova
no óvulo cava a sova
Memória da mesma história
memorando meto-me imprópria

terça-feira

diabos

Ó diabo capeta satanás,
belzebu lúcifer demónio
Vai de reto que esta morada está fechada!
Que continuas tu a fazer nos meus sonhos?
consomes-me toda a energia, todos os amuletos
todas as rezas, todas as bençãos e louvoures
já declarei que para o teu lado não me passo
não me mandes nem servos nem lacaios,
nem insectos nem poções de encantar,
nem sonhos nem pesadelos nem mortes,
nem medos nem temores nem penumbras,
nem sussurros nem forças nem perseguições
Na gola por detrás cosi o primeiro amuleto rúnico
Na frente entre os seios escondi o segundo
Ao pescoço usei o terceiro: o coração dourado
que continha as rimas e pronunciando o teu nome
invertido tiveste de te afastar...
Podes entrar na igreja e encobrir-te
e incorporar-te e seguir-me
Mas à noite nos encontramos para o combate
no mundo de Hipnos, Thanatos e dos mil Onírios
e tu não me vencerás!