Quando chegamos àquele momento
de olharmos com a pele de dentro
o palco que nos sustenta
da alma alheia que nos alimenta
Somos os actores secundários
de decrépitos cenários
Nesta terra ateia
e do podre que nos rodeia
onde todos são moralistas e se perdeu toda a ética
A única metanarrativa
é que nem sempre a verdade é a mais correcta
e nem sempre o silêncio é o menos cruel
sabemos então
que só procuramos a merdosa rendenção,
da mútua diarreia emocional
e de que sozinhos mal
sabemos mijar.
Porque sentimos aquela humana fossa
de querer sempre mais
que em sua versão urbana
é uma mera VONTADE DE FODER...
Existencialistas, socialistas ou comunitaristas
todos se derretem no mesmo molde
e se afogam na coragem líquida
de escolher entre o herói e o vilão.
Mas os piromaníacos mergulhamos sem escrúpulos
no escafandro dos anti-heróis
Mas e porque aceitamos a fossa humana
sabemos que ela é unicamente MEDO, em todas as suas formas:
O medo singular, puro e nu que nos tolda e previne;
O medo plural, do outro, sob o qual agimos e consquistamos;
O medo paradoxal que é o do próprio medo,tão cinético quanto estático
e que se converte frequentemente ao
medo potencial, o que se transfere a uma entidade ou circula na medida de infinito
e é regularmente intitualado FÉ.
A fossa de ser-se humano gerada a partir das artes, símbolos e ofícios
nos fez ao mesmo tempo alimentar o medo e reconhecê-lo
e aí se deu o momento de parir a consciência de ser
e a daí resulta a uma mera VONTADE DE PODER,
que é pouco mais do que a ânsia
dum estado inalcançável de superação do medo
e que só poderia ser formulado na insconsciência ou não-ser,
a morte.