sábado

Da Técnica

A técnica
Como sublimar o Outro?
Perguntavam-se todos
Pelos tempos idos…
Se no tempo presente
Só me fragmenta
A intemporalidade
Do corrido, escapando-me
Ou bem me convoca
Submetendo-me ao seu
Escrutínio
Designando-me para absorver-me
No seu domínio
Usando o seu Pródigo
Para me definir
Excluindo-me
Das partes, sobrantes
Apontando-me a excomungar
Envagetando-me para me cercar
Na ordinária comunidade
De tudo o que não é especial
Ou bem me arremata
Como se esse Código
Fosse universalmente
Uno, remetendo-me
À implicação conrtinada
Do meu simples encaixe
Como se especificar-me
Numa sua categoria
Bastasse
E se na sua parca etiologia
Não fosse desvanecer-me
A minha mais requerida
Existência
Ou bem me joga fora
Quando os Códigos
E as Espécies misturados
Se forem com as poeira
Mas aí serei eu, bem sei
O mal do seus pecados
Serei a anti-ética
Desse seu telos
Mal estendido no chão
O Bárbaro
Que você gosta de lutar
O marginal
Que você é o epicentro
O doente
Que você gosta de curar
O rasca
Que você gosta de empinar
Como sublimar o Outro?
Responderam todos
Pela Técnica!
E a moderada idade que
Vive no passado
Temendo futuro
Malandro, Preguiçoso e Vilão
Na esteira da auto-geração
Padres, Médicos e Heróis
Sintetizando me na temporalidade
Escorrida capa do Eu

sexta-feira

A Comunicação

Dizer o óbvio nem sempre é fácil
Se a perfeição se torna sua inimiga

Dizer o óbvio nem sempre é tácito
Se a paranóia lhe faz uma intriga

Dizer o óbvio nem sempre é mau
Se a epifania lhe der uma solução

Dizer o óbvio nem sempre é bom
Se a plateia vem em contra-mão

Dizer o óbvio nem sempre é óbvio
Se falar hoje em dia é uma comunicação.

A Foucault

Ler alguém é:
Um exercício simples?
Permite-nos dividir
Garante-NOS
Porque é a mesmíssima
Leitura do EU
Escrever alguém é:
Um exercício complexo?
Permite-nos multiplicar
Exige-nos a criação
Uma Escritura
Ler alguém no que se
Escreve
Ou
Escrever alguém no que se

É dar e tirar a vida num só acto
É poder e saber num só instante
Ser homem livre e governar como deus
É observar neste plano de imanência
A soberania do ser-outro
É o jogo dos ousados
Numa província de medos
A raiz do amor em si mesmo
É sujeitar-se obedecendo
É objectar desobedecendo
É o reflexo sufixado do eu-só

terça-feira

bicho-da-seda

estiquei o olho para fora
do casulo para ver
se via o bicho-torrão
o mau da fita´
tinha-me dado um extorsão muscular...
nas distrofias dos ardores
não nos devemos deixar
arrastar como uma mera lagarta
quando estávamos na fábrica
da seda ao lado das vitrines
de cogumelos do Vietname
tínhamos aulas kantianas
"A fundamentação metafísica das minhoquices"
centenas e centenas de anos
a resistir aos maoísmos virulentos
ensinaram-nos a desprezar
as calúnias infundadas
"Não me metas minhocas na cabeça"
associação excomungada das larvas
na carola morta de alguém
pois que na malvada
prossegue a vida
o bicho explorado
dá seda
e seu casulo é comestível
mesmo lá longe
nas terras dum Apocalipse