sexta-feira

metáfora do espelho

um ovo chocado por um cão disfarçado de podólogo
brincava com o gato que gostava mais
fazia-lhe tranças nos cabelos que não tinha
por arrancados mas como se fossem colar

ofereceu-o à fada dos dentes perdidos
que trabalhava para os chineses
os pendentes pareciam olhos arrancados
do algodão branco, era ele lavado de neve

fugiu para as amoras doces
o corpo e a boca bordavam
rasgados os gessos às cores
para não tocar no collant rasgado

no século XVIII os abanicos
pareciam pompoms revirados
como numa aula à saída ir jogar à apanhada
um ballet fazia meninas doces

vez uma
era
uma vez
um vez um, um
um vez dois, dois