tudo tem um fim?
excepto talvez a própria existência, de tudo, da vida, da coisa
poderíamos ter inexistência
não-ser
uma contradição hegeliana
ou uma lei bioquímica
ou postulado termodinâmico
porque a entropia deste universo
tende a aumentar
e a vida organiza-se pela maior desordem em seu torno
o Caos, esse primordial deus helénico, o protogono primeiro
está no entorno da vida mas não como desordem pura
é que a vida nasce da geração crescente de liberdade
e o nada na variação de espontaneidade gerou
aleatoriamente cisões
como quando se separam dois quarks e eles voltam
ou com muita força geram mais dois
a primeira cisão de Nix, o ovo cósmico
e Erebus, a escuridão
nos órficos
o vácuo, a matéria negra
e depois da cisão, a união
nascem os gases, a luz
e o que conhecemos mais?
pouco mais do que já era...
ou seja sabemos desde diversas teogonias
as metáforas da
perceber a origem de vida
mas e a finalidade da vida?
não seria de esperar ou é tão espontâneo que não tem fim?
ou dizer que não há variação de espontaneidade
seria provar a própria existência de deus?
ou não se coloca questão à Roda nem ao Fio
porque não somos moiras e essa tarefa está acima de nós?
e só os que desceram como Orfeu e voltaram
e os que como Morfeu podem moldar
são atravessados pelo som de fundo
e sabem o que vai dar na televisão