Vinda em passadas largas
A minha casa se aproxima
Por essas ruas decalcadas
O verso não se lhe arrima
Indo de pé numa estrada
O vento correndo as faces
Ao longe a música de água
O morcego planando fases
E pousado no meu ombro
Se vira um conselho amigo
És agora livre para o tombo
Só os sapatos andam contigo
E a tua presença que dispara
O alarme forte de um radar
É a tua leveza que já te separa
O caminho do só caminhar
Chegando por fim a casa
O gafanhoto me saúda
Fazendo vénia com a asa
Tocando uma cigarra aguda
E os pássaros do meu beiral
Já não precisam de janelas
Voam entre as portas do sal
Tecendo as flores amarelas
E eu olhando lá para fora
Sabendo que posso chegar
Grito por aí que é agora
O tempo em que vai mudar
E olhando cá para dentro
Sabendo que hei-de chegar
Canto por aqui que é hora
A cama em me que vou deitar