quarta-feira

anti-palavra

e elE voltou, o anti-palavra.
enviou-me desta vez a Periplaneta Scorpiones.
A insidiosa infiltrava-se em nós.
Penetrou-me a pele em todo o corpo
mas recordo-me do ombro e da ponta da língua.
Todo o grupo abandonado na ilha,
tinha um exemplar na ponta da língua também.
Um dia caçámos um deles e pisámo-lo.
Soltou-se a carapaça e uma pele negra
começou a insuflar-se, numa bolha que
diminuía e aumentava até rebentar.
Da explosão saiu uma assustadora criatura
meio homem, meio duende,
meio barata meio escorpião e disse:
"cortem a língua para que ela saia
e coloquem-na no centro de novo para que vos pique!"
Todos acataram a sugestão mas eu
que raramente ou nunca me corto nas palavras
decidi serrar levemente a língua e extrair a bicha
com uma pinça. Não me doeu. Ao retirá-la veio a veia
e o freio juntos, fiquei sem fala. Não podia avisar
ninguém das minhas e das suaS intenções.

O fim.

A ilha foi colocada em quarentena.
Notícias do Controlo de Epidemias
circulavam na TV mas algo estava errado ali.