sexta-feira

Para te alma

Palavra para-lama pára
e lavra na lama
Gosto que resta no rosto
dá um golo no mosto
Resto no refrão do posto
rescaldo reposto
Passagem de passaderia do paço
das passas do maço
Agora no Agosto, eu ajo
que devora o trajo
Olhar o ócio de ópio
com olhos no tópico
Tempo testado no tampo
da tela tem tento
Boca louca mouca
à coca com touca
Comum de como de lona
com comer de cona
Fumo a fome da fama
no fundo da fauna
Espaço de espartilho
do estilhaço espandido
Sentidos, sem ti, idos
de cem sombras servidos
Cadeira de canela madeira
cavada na eira
Azul o azar dá aso
às ondas do mar azulado
Corpo curvado cremado
do campo encorpado
Clitóris na Lua de Clio
clivado no Hórus do cio
Movimento em malvas
maceradas na malga das algas
Marca de Karma na maca
a Arca no mar era parca
Gesto de gelo no cesto
te cedo, o incesto
Imagem imatura imaculada
no íman da margem imaginada
Título de Tito Lívio
do livro mais atípico
Cor me sabes décor
corpo cromado no odor
Cheiro o Che guerreiro
do excerto certeiro
Pêlo poroso pelo
menos penado penoso
Cinza simpática cinzenta
zarpada na Simba de manta
Perto o prego na parede
permeado aperto a rede
Saída à sala com salsa
moída na ala que passa
Escadas são estas que escapam
nas estepes escuras tapam
Sangue Guevara na cera
do siempre sandinista soubera
Mensagem do mesmo incomensurável
demente masmorra amável
Clavícula clemência de clamor
na clave das portas de Sol
Prazer que pasta na pradaria
praga de erva daninha
Cigarro mais simples que siga
na mirra do reis da Síria
Sonho que sopra na fronha
eu ponho na sonda que sonha
Mão de marmelda de mães
com mel barrado de pães
Dentro do dente coentro
no dado eu entro demente
Espera a esperança esfíncter
do espirro da Esfinge
Horas demoradas na hortas
plantadas à nora das tortas
Língua no limbo da gula
saliva na glote de Lura
Aberta na aba da flor
fluoresce a abelha do amor
Espasmo na espera do pasmo
espanta a esfera do orgasmo
Filtro de folha mais fino
fuma o fogo do trigo
Caverna caveira a cova
no óvulo cava a sova
Memória da mesma história
memorando meto-me imprópria