Quando chegamos àquele momento
de olharmos com a pele de dentro
o palco que nos sustenta
da alma alheia que nos alimenta
Somos os actores secundários
de decrépitos cenários
Nesta terra ateia
e do podre que nos rodeia
onde todos são moralistas e se perdeu toda a ética
A única metanarrativa
é que nem sempre a verdade é a mais correcta
e nem sempre o silêncio é o menos cruel
sabemos então
que só procuramos a merdosa rendenção,
da mútua diarreia emocional
e de que sozinhos mal
sabemos mijar.
Porque sentimos aquela humana fossa
de querer sempre mais
que em sua versão urbana
é uma mera VONTADE DE FODER...
Existencialistas, socialistas ou comunitaristas
todos se derretem no mesmo molde
e se afogam na coragem líquida
de escolher entre o herói e o vilão.
Mas os piromaníacos mergulhamos sem escrúpulos
no escafandro dos anti-heróis
Mas e porque aceitamos a fossa humana
sabemos que ela é unicamente MEDO, em todas as suas formas:
O medo singular, puro e nu que nos tolda e previne;
O medo plural, do outro, sob o qual agimos e consquistamos;
O medo paradoxal que é o do próprio medo,tão cinético quanto estático
e que se converte frequentemente ao
medo potencial, o que se transfere a uma entidade ou circula na medida de infinito
e é regularmente intitualado FÉ.
A fossa de ser-se humano gerada a partir das artes, símbolos e ofícios
nos fez ao mesmo tempo alimentar o medo e reconhecê-lo
e aí se deu o momento de parir a consciência de ser
e a daí resulta a uma mera VONTADE DE PODER,
que é pouco mais do que a ânsia
dum estado inalcançável de superação do medo
e que só poderia ser formulado na insconsciência ou não-ser,
a morte.
quarta-feira
soudotor
Doutor faça-me um favor,
não me chame menina...
É que passo a vida
comendo paradoxos e dá-me azia.
Doutor faça-me um favor
não diga minha senhora...
É que essa é cheia de graça
e eu vendo a vazia na praça
Doutor faça-me um favor,
não chame as autoridades...
É que eu sou medicada
E loucura é sua coutada.
Bem, eu passo a explicar:
Neste domínio hiper_sin ético
Você soa-me tão herm(es)ético
Que não me diz nada de pó ético
Com esse linguajar ortopé_édico
Do ambiente bioma_édico
Parece-me mais um épico
Para resolver o seu Édipo
Que eu gosto de mim hipo_man_íaca
Dói-me menos a crista ilíaca
Não sei se há prova empty_írica
Mas é uma vida menos Ilíada
Porquê rejeitar um neur_ótico?
O problema é o seu nervo ó[p]tico
Porque na pouso logia do narc(iso)ótico
Olhe, não topo nada pan óptico
Que no meu rádio estere(ó)nico
Eu só ouço disco mnem_ónico
e passo tarde a gint_ónico,
Ó doutor, está cata tónico?!
não me chame menina...
É que passo a vida
comendo paradoxos e dá-me azia.
Doutor faça-me um favor
não diga minha senhora...
É que essa é cheia de graça
e eu vendo a vazia na praça
Doutor faça-me um favor,
não chame as autoridades...
É que eu sou medicada
E loucura é sua coutada.
Bem, eu passo a explicar:
Neste domínio hiper_sin ético
Você soa-me tão herm(es)ético
Que não me diz nada de pó ético
Com esse linguajar ortopé_édico
Do ambiente bioma_édico
Parece-me mais um épico
Para resolver o seu Édipo
Que eu gosto de mim hipo_man_íaca
Dói-me menos a crista ilíaca
Não sei se há prova empty_írica
Mas é uma vida menos Ilíada
Porquê rejeitar um neur_ótico?
O problema é o seu nervo ó[p]tico
Porque na pouso logia do narc(iso)ótico
Olhe, não topo nada pan óptico
Que no meu rádio estere(ó)nico
Eu só ouço disco mnem_ónico
e passo tarde a gint_ónico,
Ó doutor, está cata tónico?!
Maria do Socorro
A menina dos olhos pretos
feitos de carvão
nomeada Maria como a virgem
tem na alma fêmea a liberdade
quando passa bem desfila
quando fuma é esguia
quando se dedica
não se perde nem suplica
inspira os anjos e os santos
e o público aplaude
roda filmes como as saias
ama a todos como ao senhor
dá-lhes o corpo merecido
a lição de sabido
e recebe das luzes
o espírito candente
ao passar ela suja
e imacula todo o sujo
não perdoa nem corrige
manda aprender
dela é o chão
se o pede
na cama se deita
mas não dorme
na boca não beija
mas enconsta
a sua etílica respiração
etérea e sua é Maria do Socorro.
feitos de carvão
nomeada Maria como a virgem
tem na alma fêmea a liberdade
quando passa bem desfila
quando fuma é esguia
quando se dedica
não se perde nem suplica
inspira os anjos e os santos
e o público aplaude
roda filmes como as saias
ama a todos como ao senhor
dá-lhes o corpo merecido
a lição de sabido
e recebe das luzes
o espírito candente
ao passar ela suja
e imacula todo o sujo
não perdoa nem corrige
manda aprender
dela é o chão
se o pede
na cama se deita
mas não dorme
na boca não beija
mas enconsta
a sua etílica respiração
etérea e sua é Maria do Socorro.
terça-feira
Tartes bem passadas ao sol
Regue 50 quilos de farinha de mandioca com gin tónico.
Não use Gordon's mas sim Bombai.
Tire o gelo, carregue no gin e chupe o limão.
Bata com ovos estrelados.
Vá fazendo conversa com os amigos.
Adicione:
100gr de pseudocarbonato
200gr de natas desnatadas
50gr de adoçante sintético
1dl de leite sem lactose
50gr de manteiga sem colesterol
Coloque a massa em recipiente acrílico mas bata com colher de pau.
Deixe repousar na erva.
Não use aditivos de Angola nem fluídos animais.
Enrole vigorosamente a piada como uma torta e não deixe cair o corpo.
Cozinhe em fornadas a 35º.
Retire enfeitando com paus de neocanela.
Sirva às fatias em protos quadrados.
Decore com pó integral (80% de pele humana).
E está pronto! Dê-se ao disfrute e coma mais quem tiver as mamas maiores.
Não use Gordon's mas sim Bombai.
Tire o gelo, carregue no gin e chupe o limão.
Bata com ovos estrelados.
Vá fazendo conversa com os amigos.
Adicione:
100gr de pseudocarbonato
200gr de natas desnatadas
50gr de adoçante sintético
1dl de leite sem lactose
50gr de manteiga sem colesterol
Coloque a massa em recipiente acrílico mas bata com colher de pau.
Deixe repousar na erva.
Não use aditivos de Angola nem fluídos animais.
Enrole vigorosamente a piada como uma torta e não deixe cair o corpo.
Cozinhe em fornadas a 35º.
Retire enfeitando com paus de neocanela.
Sirva às fatias em protos quadrados.
Decore com pó integral (80% de pele humana).
E está pronto! Dê-se ao disfrute e coma mais quem tiver as mamas maiores.
sexta-feira
a ponta da natureza na boca do corpo aponta a caneta à boca do povo
[raios partam o gama] ó filho!
não há bela sem senão
não há dama sem gamão
não há anos sem festa
não há anus sem festão
não há tuga sem bigode
não há samba sem pagode
não há música sem canção
e não há ponto G. isso é tudo ficção!
não há vida minha sem novela
nem série sem argumento
nem escrita sem moral:
olhe nunca vá comer um daqueles que tem o olho esquerdo mais pequeno que o direito, nem a pila inclinada para esse lado! que não sou contra o torto mas é melhor ir a direito... se me vai conhecer profundamente veja bem que sou superficial e que falarei da vida como uma pessoa comum ... vulgar.
veja lá se passa a palavra! olha olha que já ela vai ali à frente.
e se achar que por comer o mesmo que eu fica assim, descanse que só passando a comida pelo corpo e você depois não se lava porque também não é porco.
ande aguente esta tragi-comédia como quando fode uma horrorosa ... uma vez dentro, relaxa e goza. mas não goze comigo que fico sentida, sabe que sou assim contida. e sabe que gosto de ir lá meter o dedo na situação para ver se a desloco, raios partam a conceição! põe-se a dourar a pílula. acho que deixou agarrar... já volto!
[29 de maio: a irmã lucia queria-me dizer algo, esqueci-me totalmente!]
não há bela sem senão
não há dama sem gamão
não há anos sem festa
não há anus sem festão
não há tuga sem bigode
não há samba sem pagode
não há música sem canção
e não há ponto G. isso é tudo ficção!
não há vida minha sem novela
nem série sem argumento
nem escrita sem moral:
olhe nunca vá comer um daqueles que tem o olho esquerdo mais pequeno que o direito, nem a pila inclinada para esse lado! que não sou contra o torto mas é melhor ir a direito... se me vai conhecer profundamente veja bem que sou superficial e que falarei da vida como uma pessoa comum ... vulgar.
veja lá se passa a palavra! olha olha que já ela vai ali à frente.
e se achar que por comer o mesmo que eu fica assim, descanse que só passando a comida pelo corpo e você depois não se lava porque também não é porco.
ande aguente esta tragi-comédia como quando fode uma horrorosa ... uma vez dentro, relaxa e goza. mas não goze comigo que fico sentida, sabe que sou assim contida. e sabe que gosto de ir lá meter o dedo na situação para ver se a desloco, raios partam a conceição! põe-se a dourar a pílula. acho que deixou agarrar... já volto!
[29 de maio: a irmã lucia queria-me dizer algo, esqueci-me totalmente!]
quarta-feira
amor, temor
temo em dizer lhe amo
se eu nem sei se lhe quero bem
se ao dizer lhe amo
você é que me tem
se ao dizer foi amor
você será meu bem
se ao dizer lhe temo
você diga me tem
se eu nem sei se lhe quero bem
se ao dizer lhe amo
você é que me tem
se ao dizer foi amor
você será meu bem
se ao dizer lhe temo
você diga me tem
labirinto do fausto
Quem me canta melodioso o paradoxo de sereia
Quem me socorre medroso no fumo da teia
Quem me amansa a pele com dores e beijinhos
Quem me enrosca os sentidos e fala mansinho
Inspira-me e expira-me na pele
Intensa e extensa na febre
Consome-me energia
Sem plágio com euforia
Quem me socorre medroso no fumo da teia
Quem me amansa a pele com dores e beijinhos
Quem me enrosca os sentidos e fala mansinho
Inspira-me e expira-me na pele
Intensa e extensa na febre
Consome-me energia
Sem plágio com euforia
terça-feira
no _colo | me _calo
no colo frio da noite
encosto
os pensamentos
e
fecho os olhos para eva.dir
ali.enar
abs.trair
e
fecho os punhos para in.star
ex.pelir
re.trair
e
fecho o coração para in.tuir
es.capar
re.cair
no colo quente da toca
encosto
o cansaço
e
abro os olhos para es.correr
ali.mentar
a.barcar
e
abro os punhos para ina.lar
ex.pirar
re.zar
e
abro o coração para in.dagar
ex.piar
res.ponder
no colo mármore do temor
encosto
o espírito
e
entrego os olhos para me.cegar
mes.quecer
mecho.rar
e
entrego os punhos para mema.nietar
mea.paziguar
mevi.timar
e entrego o coração para me.sangrar
mi.macular
meven.der
no colo áspero da sombra
encosto
a alma
e
lhe beijo
os olhos
os punhos
o coração
e
soprando
na sua boca
a minha re-buscada
existência
lhe cedo
de boa vontade
o amor
e ela me toma
me suga
me descarna
me fuma
nela res.ido
no residual colo
nu
da morte
encosto
os pensamentos
e
fecho os olhos para eva.dir
ali.enar
abs.trair
e
fecho os punhos para in.star
ex.pelir
re.trair
e
fecho o coração para in.tuir
es.capar
re.cair
no colo quente da toca
encosto
o cansaço
e
abro os olhos para es.correr
ali.mentar
a.barcar
e
abro os punhos para ina.lar
ex.pirar
re.zar
e
abro o coração para in.dagar
ex.piar
res.ponder
no colo mármore do temor
encosto
o espírito
e
entrego os olhos para me.cegar
mes.quecer
mecho.rar
e
entrego os punhos para mema.nietar
mea.paziguar
mevi.timar
e entrego o coração para me.sangrar
mi.macular
meven.der
no colo áspero da sombra
encosto
a alma
e
lhe beijo
os olhos
os punhos
o coração
e
soprando
na sua boca
a minha re-buscada
existência
lhe cedo
de boa vontade
o amor
e ela me toma
me suga
me descarna
me fuma
nela res.ido
no residual colo
nu
da morte
sexta-feira
dream, dream, dream
All my life I've been dreaming, remembering
Creating another life...
What are the odds?
I dream of other places, times, countries, universes
I dream with music, color, languages, smell, levitation
I dream God, Devil, Buda, Atena and all divinities
I dream mystic, common, historical, alien, prophetic
I created my own imaginary landscape,
I visited lives
I got involved in lives
I saw what I wanted but mostly what I didn’t
...
I guess atoms in perpetual movement
Create infinite dimensions
The atomic here and the atomic there
They lay just here in me and there, everywhere
So, with parts of my brain off and some on
I get a short glance of them
I touch that infinitesimal millimeter of parallel universe
Just here where I’m standing
And I guess my last dream will be of me dying
And I guess it will be easy because I’ll be really dying
Asleep and in both my worlds
…
So, I’ll die twice
...
And reborn twice
Again
Creating another life...
What are the odds?
I dream of other places, times, countries, universes
I dream with music, color, languages, smell, levitation
I dream God, Devil, Buda, Atena and all divinities
I dream mystic, common, historical, alien, prophetic
I created my own imaginary landscape,
I visited lives
I got involved in lives
I saw what I wanted but mostly what I didn’t
...
I guess atoms in perpetual movement
Create infinite dimensions
The atomic here and the atomic there
They lay just here in me and there, everywhere
So, with parts of my brain off and some on
I get a short glance of them
I touch that infinitesimal millimeter of parallel universe
Just here where I’m standing
And I guess my last dream will be of me dying
And I guess it will be easy because I’ll be really dying
Asleep and in both my worlds
…
So, I’ll die twice
...
And reborn twice
Again
Só cio, só bio
Se o Homem fosse um e pensasse o que pensaria ele?
E se o meu pénis lhe falasse o que diria ele?
...
Per-siga a vagina . tenha orgasmos e ejacule
o mais que puder
tenha erecção e orgasmo fácil. Re-produza-se
tanto quanto puder
Nádegas volumosas . mamas leitosas
engula, imponha, ejacule
tudo o que puder
[Lubrifique-se entre a urina e o esperma]
creio no pénis uno, falo e todo-poderoso.
Se a Mulher fosse uma e pensasse, o que pensaria ela?
E se a minha vagina lhe falasse o que diria ela?
...
Pro-siga revestida e lubrificada . rasgue-se e absorva
o mais que puder
seja menos sensível . parto não é orgasmo. Pro-duza-se
tanto quanto puder
Braços volumosos . pénis leitosos
engula, exponha, absorva
tudo o que puder.
[Escorra-se se ofendida, contraia-se se invadida]
creio na vagina una, sem fala e católica.
E se o meu pénis lhe falasse o que diria ele?
...
Per-siga a vagina . tenha orgasmos e ejacule
o mais que puder
tenha erecção e orgasmo fácil. Re-produza-se
tanto quanto puder
Nádegas volumosas . mamas leitosas
engula, imponha, ejacule
tudo o que puder
[Lubrifique-se entre a urina e o esperma]
creio no pénis uno, falo e todo-poderoso.
Se a Mulher fosse uma e pensasse, o que pensaria ela?
E se a minha vagina lhe falasse o que diria ela?
...
Pro-siga revestida e lubrificada . rasgue-se e absorva
o mais que puder
seja menos sensível . parto não é orgasmo. Pro-duza-se
tanto quanto puder
Braços volumosos . pénis leitosos
engula, exponha, absorva
tudo o que puder.
[Escorra-se se ofendida, contraia-se se invadida]
creio na vagina una, sem fala e católica.
quarta-feira
i'm the wife/mother
black hair blue eyes
textil Chicago and Boston
Restaurant of Aquariums
light dress
3 priests, black car, in mountain
one child: "she's wanted somewhere"
textil Chicago and Boston
Restaurant of Aquariums
light dress
3 priests, black car, in mountain
one child: "she's wanted somewhere"
sábado
quinta-feira
quarta-feira
gata branca
gata branca, gata grande
que fala devagar
te lambe e se enrosca
te morde e te arranha
gata branca, gata grande
afogada por longas horas
senti no polegar
lateja pulsação
ela é o meu demónio
meu génio pulsa não
e
naqueles momentos
em que a dor é tão forte que a alma esvai do corpo
e paira na situação
é que os olhos interiores podem observar o que está
lá dentro e sonhar
e
tenho medo da verdade
que fala devagar
te lambe e se enrosca
te morde e te arranha
gata branca, gata grande
afogada por longas horas
senti no polegar
lateja pulsação
ela é o meu demónio
meu génio pulsa não
e
naqueles momentos
em que a dor é tão forte que a alma esvai do corpo
e paira na situação
é que os olhos interiores podem observar o que está
lá dentro e sonhar
e
tenho medo da verdade
sábado
idade de ferro
num dia de fim de tarde
quando o crepúsculo é frio, mais cinzento que azul
e as gentes de outra terra revoltadas se levantam
o fogo, a forca e o tridente saem de mãos dadas
e a loucura das multidões vai instalada
e pegam nos homens e lutam
e pegam nas mulheres e cortam
e pegam nas crianças e jogam
e pegam em tudo e correm
e pegam na terra e cospem
e os animais não nos comem?
ai, mas porque andava eu ali, correndo assustado
porque pairava como uma alma penada olhando aquele horror
eu que não vou à matança, vejo o pobre animal a ser caçado,
os ganchos de metal espetam-se no couro, sai o primeiro sangue,
o grito de dor deixa-me assustado...
o metal em brasa crava-se bem mais fundo para marcar a posse
o grito de odor deixa-me nauseado...
e as facadas de metal entranham-se na carne e ele cai por fim
ai, não, é só um pesadelo
já acordei... é só demasiada imaginação
porque tem a minha mente de se lembrar destas coisas?
não, o javali sou eu!
minha é a idade de ferro
quando o crepúsculo é frio, mais cinzento que azul
e as gentes de outra terra revoltadas se levantam
o fogo, a forca e o tridente saem de mãos dadas
e a loucura das multidões vai instalada
e pegam nos homens e lutam
e pegam nas mulheres e cortam
e pegam nas crianças e jogam
e pegam em tudo e correm
e pegam na terra e cospem
e os animais não nos comem?
ai, mas porque andava eu ali, correndo assustado
porque pairava como uma alma penada olhando aquele horror
eu que não vou à matança, vejo o pobre animal a ser caçado,
os ganchos de metal espetam-se no couro, sai o primeiro sangue,
o grito de dor deixa-me assustado...
o metal em brasa crava-se bem mais fundo para marcar a posse
o grito de odor deixa-me nauseado...
e as facadas de metal entranham-se na carne e ele cai por fim
ai, não, é só um pesadelo
já acordei... é só demasiada imaginação
porque tem a minha mente de se lembrar destas coisas?
não, o javali sou eu!
minha é a idade de ferro
roupas de fazenda
vida de corpo negro
não tem paga não
armadilha me caia
roubo me corte a mão
a lua de testemunha
sua negra paixão
no raiar do sol
vergasta de perdão
senhores de mim
me comem o pão
se o planto mas desganho
minha é a escravidão.
não tem paga não
armadilha me caia
roubo me corte a mão
a lua de testemunha
sua negra paixão
no raiar do sol
vergasta de perdão
senhores de mim
me comem o pão
se o planto mas desganho
minha é a escravidão.
terça-feira
morpheu
haguia sofia prata melancia de hermes o três as leis degraus aracne os dentes floresta perdido e amarrado a porta universo de pianos brancos as escadas o sotão e o papagaio as peles tapete vermelho e o quadro um paquete o feto e o corredor a bruxa a freira e o vampiro na casa de pedra a baleia a água a procissão o buda e a levitação o duende a barata e a neve a história o mulato e a tortura o urso branco o lobo e o lago do imperador o elefante a capela naufragada e o ouro persa
quinta-feira
why do bugs keep following me?
please
don't come in my face
I need to breathe
unless you go on
please
don't blow my ear
I need to hear
unless you carry on
please
don't be so cheap
I need to come
unless you're not on
so I ask: why do bugs keep following me?
don't come in my face
I need to breathe
unless you go on
please
don't blow my ear
I need to hear
unless you carry on
please
don't be so cheap
I need to come
unless you're not on
so I ask: why do bugs keep following me?
sexta-feira
palavra que é verbo!
Cortei minha palavra,
No espinho do som.
De forma compassada
Arranquei-lhe o tom.
Ouvindo tamanha mágoa
Gastei o meu dom
Essas suas frases de raiva
Não me trazem o bom,
De escrever, de falar, de cantar…
E eu me sujeito ao verbo,
Se no início é você.
Toquei minha guitarra
Com pautas de Tom,
De maneira gozada
Arranquei-lhe um som.
Ouvindo gerúndios compassos
Saí da fossa, que é bom
Essas notas firmam traços
Poetinha é meu dom,
De escrever, de falar, de cantar…
No início era o verbo
Pois que eu não me sujeito.
No espinho do som.
De forma compassada
Arranquei-lhe o tom.
Ouvindo tamanha mágoa
Gastei o meu dom
Essas suas frases de raiva
Não me trazem o bom,
De escrever, de falar, de cantar…
E eu me sujeito ao verbo,
Se no início é você.
Toquei minha guitarra
Com pautas de Tom,
De maneira gozada
Arranquei-lhe um som.
Ouvindo gerúndios compassos
Saí da fossa, que é bom
Essas notas firmam traços
Poetinha é meu dom,
De escrever, de falar, de cantar…
No início era o verbo
Pois que eu não me sujeito.
a todo o gás
quando tudo se perdeu
o meio nada se encontrou
aquela boca que era existe
nunca mais ficará triste
de noiva não se casou
quando nada se perdeu
um meio tanto se achou
aquela voz que era insiste
sempre escutará ouvinte
de boba não se tomou
e quando a chama acendeu
o meu fogo se expiou
aquela coisa sem limite
me acertando o palpite
de gás não se apagou
o meio nada se encontrou
aquela boca que era existe
nunca mais ficará triste
de noiva não se casou
quando nada se perdeu
um meio tanto se achou
aquela voz que era insiste
sempre escutará ouvinte
de boba não se tomou
e quando a chama acendeu
o meu fogo se expiou
aquela coisa sem limite
me acertando o palpite
de gás não se apagou
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