Hoje sonhei o inimaginável
Morava no Brasil dividido em duas facções política:
O pai e o filho rebelado.
Eu fui raptada pelo Caçador da Noite,
Um australiano louco que me levou para
Um esconderijo subterrâneo
Cada força lutou com o seu séquito.
Apareceu então a Gorda rainha dos Pulgões
Uma vez de boca aberta, os pulgões fluíam rapidamente
Entranhando-se em nós e atribuindo algumas qualidades
Super-humanas mas malignas… As forças só se mantinham
Pelo consumo da juventude, o destino final era a morte.
Atracada entre a Gorda e o Caçador, arquitectei o plano de fuga
Para que ambos se aniquilassem: colocando-me entre os dois,
Esperando pela sinalização vermelha da mira de um na testa da outra,
E dela lançando o seu efeito cortante em cima dele,
jogaria uma cadeira ao chão e caindo nele, morte dupla.
Resultou.
Da garganta degolada dela
(porque o efeito cortante lançado, deveria retornar a ela mas tendo o caçador disparado no meio dos olhos, antes de morto, não encontrou vida e lancetou-lhe o pescoço)
Saíram os pulgões, enfurecidos, descoordenados, sem morada
E temendo esta força e sem saber bem o que fazer lembrei-me do ditado
Da anciã cega “a velha magia da mulher reside nos seus cabelos”
E comi-lhe alguns cabelos caídos.
Depressa me apercebi que estava certa a sentença:
Comendo apenas os cabelos, as células mortas, tínhamos por momentos
a dádiva da força dos pulgões sem o destino final.
Lembrei-me então da razão deste rapto:
A disputa entre facções, o meu pai e o meu avô.
Voltei para a mansão, onde a vizinha me tocava piano enquanto
Eu fazia acrobacias na piscina.
Os poderes davam para triplos mortais e bíceps torcidos incríveis.
Fui delatada.
Rapidamente se alastrou a notícia dos cabelos,
todos os infectados produziam bons cabelos,
rede de exploração de qualidades...
mas a longo prazo, como tudo o que é processamento canibal,
implicava uma espécie de BSE da loucura e luxúria.
Eu mesma carregava uma bolsa de cabelos para consumir quando me cansava...
Mas tudo se tornou numa grande praga
Lembro-me de comer um estranho no sanitário,
de ter a minha irmã a lamber-me os genitais,
de intercalar sexo com vários amigos,
de beijar na boca os meus tios em troca de cigarros...
de me tornar lésbica.
De fazer contraceptivos especiais para elas e collants de griffe
para as penetrações deles.
o collant preservativo de malha ultra-densa
a sociedade ali era estranha, incomodativa e opressiva
a minha escolha sexual era perseguida
e eu mesma já não sabia o que queria
ou se era induzida pela era dos cabelos processados.
e todos acabaram à cata de réstias, de quedas, de cortes
para alimento... e o que era aquilo?
uma espinhosa decadência.
nem política se fazia mais
recordo-me depois de muito pouco.
apenas duma era aquática e de pântanos
num deles via a Lencastre afogar um recém-nascido de cal
mas assim que o tirou, a risada era insuportável
não conseguia matá-lo
lembro-me de surfar nos golfinhos
de pairar nos céus e aterrar
de levarem a velha cega, dos segredos
da Velha Arte numa charrette
se para o fuzilamento se para trabalhar nas minas não sei..
profecia: 2012, Papado de Vulcano X