Fio presente de vida, a linha conduta da nossa soberania, fino como agulhas. o equilibrista circense nele se coloca dançando e saltando, em permanente insegurança externa guiado apenas pela tocha da entranha superior. encarnado em gladiador se debate contra a Situação contando apenas com a Vontade. nada tem de mais...nada é a mais.... apenas vive, apenas é. o Fado incerto em si mesmo já nem as premonições lhe conta, nada lhe confessa, tudo fará pelas suas próprias mãos. se queres algo bem feito fá-lo tu mesmo.nunca olha por cima do ombro, nunca ergue a cabeça demasiado alto, olha em frente. treme e anda. chora e se consola. levanta-se e segue em frente. exbicionista. mostra-se à Dama de Copas e combate o Cavaleiro de Gládios, com poucas armas segue em diante. somente o ar que respira e roupagens que leva no corpo. o equilibrista, tão somente esse solitário que sonha. esse que aspira a algo mais. esse que faz vibrar que faz amar. ele que apenas conta consigo e com o fino fio presente de vida. sabe como é a volúpia da dor quer agora a volúpia do amor.liberto de amarras balança ao vento. por entre as brumas da memória nada vê na sua frente. quando encarnado em gladiador se opera a metamorfose decisiva. munido do bastão e do sabre luta com magnimidade contra feras, contra bestas, contra máquinas. a Situação verga-se frente a Vontade. obstinado e ferido tem mais força que 100 homens de vez. no seu caminho se colocam as contrariedades mas sua ninfa Glória, espera de coração aberto. e eis que se entrega a aventura, tudo parece perdido. no barco torto cede ao cântico das sereias, carpido pelo sol e pelo sal. amarrado ao frio poste prossegue viagem. avisa seus companheiros dos perigos que testemunha, traz ao mundo uma nova espiritualidade, visto como louco e ainda ignorado prepara-se para a transmutação final. mas que será da Vontade perante um Eros maior? (continua)..